Nuno Rebocho
Nationality: 170
Email: nrebocho45@gmail.com
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Nuno Rebocho
Nuno Rebocho, jornalista, poeta e escritor português. Actualmente a viver em Portugal, depois de largos anos em Cabo Verde. Nasceu em Queluz (Portugal), viveu a sua juventude em Moçambique e tem 73 anos de idade. Viveu episodicamente em Espanha e Marrocos e foi preso político durante a ditadura de Salazar (cinco anos de prisão). Autor de vasta obra publicada – poesia: “Breviário de João Crisóstomo”, “Uagudugu, seguido de O Onanista e de um Poema a Lenine”, “Invasão do Corpo”, “Memórias da Paisagem”, “Po(lítico)”,“Nau da India”, “Poemas do Calendário”, “Santo Apollinaire, meu santo”, “Manual de Boas Maneiras”, “Arte de Matar”, “Cantos Cantábricos”, “Discurso do Método”, “Canto Poliédrico”, “Canções Peripatéticas”, “Arte das Putas”, “Canto Finissicular”, “A Papaia” e “Rotxa Scribida”, além da participação em diversas antologias em Portugal, Espanha, Brasil e Argentina. Autor de crónicas (“Estravagarius”, “Estórias de Gente” e, no prelo, “Quebra-Canela, aventuras & desventuras de um portuga nas ilhas do Cabo Verde”), e do romance “A Segunda vida de Djon de Nha Bia” e também de estudos sobre investigação histórica (“O 18 de Janeiro de 1934”, “A Frente Popular Antifascista em Portugal”, “História do Sindicalismo Reformista em Portugal” – em colaboração com Jorge Paz Rodrigues –, “A Companhia dos Braçais do Bacalhau”), “Histórias da História de Santiago” e “Sobre Revoltas de Escravos e Quilombos”, em co-autoria com Ademir de Barros.
Foi adjunto do Ministro da Habitação, Obras Públicas e Transportes do VI, VII e VIII Governos Constitucionais, assessor da Câmara Municipal de Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha, Património da Humanidade), além de ter desempenhado outros cargos públicos.
Elaborou numerosos textos para catálogos de exposições de artes plásticas, colaborou no filme-documentário “Eugénio Tavares”(Prémio CPLP/DOC) e foi Comissário da Bienal de Dubrovnik (Croácia).
O regicídio
mataram o rei e eu não curei a minha dor de fígado
que é uma dor tão reflexa como as dores da história:
mataram e não fizeram mais: porque jamais
a morte é a forma convexa de um sonho ou uma vitória.
que mata o cano da arma que clama o gatilho?
balas de ódio: o veneno da raiva.
e não consta que a vida aplauda
- não consta que a cauda da víbora seja mãe de filho.
é a alma que canta e empurra e levanta
a vontade de erguer sobre a cidade o clamor,
o vento seca as lágrimas de quem acalma a dor.
e que grita o estupor? o espanto
de matar a lei e nada mudar – só o amor muda
onde a lei castiga a divergência: matar é que nunca
nem que seja o rei nem que seja o réu
nem que seja o príncipe nem que seja o índice.
se é esse o princípio é essa a consequência
: que no caminho ninguém se iluda
com os sinais da morte - levanta-se da cama a história
veste o espartilho e não adelgaçam as ancas;
se o gatilho escarra ficam as pernas mancas.
viste e aprendeste – mataste e sofreste.
mataste. morreste.
e nada vingaste e em nada venceste. nada disseste.
apenas morreste.
Três poemas de amor
1.
quando dispo a noite é o teu corpo que calcorreio
na longa solidão da memória. os gélidos braços
no entanto falam de futuros porque o amor é viagem
e amanhã o mar entrará por esta casa trazendo
os sargaços e os sabores da vida. e haverá calor
e as palavras de dizer os teus olhos e os teus seios
onde o horizonte é o sentir da proximidade. hei-de
então dizer-te com o ósculo da venturança e o requinte
da alegria. e amar-te-ei na foz do tempo. e vestirei
a noite com a roupagem do cio. e falarei de amor.
2.
sabes os segredos do vento que refresca os lábios
como o linho que as aves tecem e é por isso
que estas mãos não envelhecem na água da ternura:
o corpo sim e também as pernas entontecidas
dos caminhos que sempre conduzem à esperança.
tu sabes dos continentes incontidos nos mapas
e das magmas e das árvores e dos mares. eu apenas sei
esperar que tragas a ciência ao regolfo do meu ânimo
e soltes as velas para que o barco zarpe até onde.
3.
amanhã os milhos vão inchar nas encostas e acenar
de verde aos viandantes dos silêncios porque hoje
as nuvens choram sobre o campo da tristeza. é assim
a lei do insofrimento. na casa do tempo tudo se transforma
e eu amealho as partículas do desejo para que a carne
assuma o seu amanhã lá onde lavraremos as leiras
de nos conjugarmos – lá onde os cinzéis darão a forma.
é com estas águas que os rios se fazem e eu me lavarei
das crespas mágoas que azedam o leite da noite
então sobre o teu seio a haste da minha verdade