João Morgado
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João Morgado
João Morgado nasceu em 1965, em Aldeia do Carvalho, Covilhã.
Poeta e romancista, é formado em Comunicação pela Universidade da Beira Interior e tem um mestrado em Estudos Europeus na Universidade de Salamanca, Espanha, e uma pós-graduação em Marketing Político pela Universidade Independente / Universidade de Madrid. É membro do Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão.
Trabalhou como jornalista e, para além da imprensa regional, escreveu no diário “Público” e semanário “Sol”. Actualmente, é consultor de comunicação nos meios empresariais e políticos. Assumiu o cargo de Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara de Belmonte.
Na literatura, afirmou-se com dois romances: «Diário dos Infiéis», 2010, e «Diário dos Imperfeitos», 2012. Estas duas obras foram posteriormente adaptadas ao teatro pela ASTA – Associação de Teatro e outras Artes. Escreve ainda crónicas, contos e poesia.
Serão re-editados em 2016 pela “Casa das Letras” - Leya
Lançou recentemente a obra «VERA CRUZ» (Clube do Autor) sobre a vida desconhecida de Pedro Álvares Cabral, e “CABRALITO”uma versão ilustrada para crianças. Segue-se o romance biográfico de Vasco da Gama, ainda em 2016.
Colabora com jornais e é coordenador do DIÁSPORA – Festival Literário de Belmonte.
A CASA
(2014)
Tu és uma casa.
Gosto de olhar pela janela
para dentro de ti
Confesso
por vezes gosto de me fazer convidado
de esfregar uns beijos
no tapete de entrada
e entrar como não quer nada
apesar de querer tudo.
Tudo. Absolutamente tudo!
Chego para pedir
um poucochinho de açúcar
um nico sal
um raminho de salsa
um suave torvelinho de ternuras
Chego para pedir coisas pequenas
que não te façam falta
na esperança de que dês pela minha falta
nas pequenas coisas que te peço
Às vezes digo que passei só por passar
com medo de confessar a intenção.
Digo que tropecei no teu olhar
que foi sem querer
- desculpa,
se te peguei na mão!
Suspiro baixinho
que encalhei no teu carinho
Sim, baixinho
mas não muito, pois confesso
…a intenção é que me oiças!
Tu és uma casa.
Gosto de olhar pela janela
para dentro de ti.
Por vezes gosto de me fazer convidado
e fico feliz quando me abres
as portadas dos teus braços.
Mas gostava tanto, tanto, mas tanto,
quer fosses tu a convidar-me
a oferecer o tapete de entrada aos meus beijos
a dar a chave da porta aos meus desejos.
Queria deixar do lado de fora
a desculpa de que vim
pelo cheiro do café que é o teu perfume.
Queria estar ao fogão
a acender-te o lume.
Queria estar sentado contigo à mesa,
sentado, a teu lado, numa mesa a dois,
para te dizer depois ao que vim,
para te dizer depois, e por fim,
que não quero ser mais o teu convidado,
que quero o teu corpo habitado
…por mim!
Tu és uma casa.
Deixa-me olhar pela janela
para fora de ti!
In: «Para Ti», 2014
Ed: Kreamus
BAILARINO: PÁSSARO•DO•CHÃO
O Bailarino é um pássaro do chão,
como outros são do céu.
São a inveja das árvores que não voam
a inveja das pedras com musgo
dos pesados Homens que não dançam.
Quem te ensinou a voar?
Foi a magia do vento?
Foi o vento que te ensinou a ser folha bailadeira
em vez de árvore?
A ser poeira malabarista em vez de pedra?
A ser artista e a altear os pés sem estar preso?
A recolher as raízes, a vomitar o peso?
O Bailarino é um pássaro do chão,
como outros são do céu.
O seu corpo é uma recta onde cabem
todas as curvas de um véu.
Feito de ar, nervos d’aço, é fio-de-prumo aberto em compasso.
Quem te ensinou a voar?
Foi o milagre dos deuses?
Foram os deuses que te ensinaram
a intensidade e a leveza?
O brilho dos reflexos, a elegância da espuma?
O enlaçar da poesia e das emoções uma a uma,
uma a uma?
O Bailarino é um pássaro do chão,
como outros são do céu.
Quem te ensinou a voar?
- Aprendi na dor…!
Sim, o Bailarino é um pássaro
as suas asas são da dimensão da dor
um pássaro moldado em rasgado movimento
que se repete, se repete, se repete…
quantas vezes? - setenta vezes sete
até que reste um corpo alquebrado
maltratado, castigado, torturado
e se abra um sulco de arado na alma…
- Sem direito ao céu, o Bailarino é um pássaro bastardo,
que sem magias nem milagres aprende
a voar em contraluz,
deixando o sangue no estrado
onde apenas o suor reluz!
- Ahhh… mas quando dança…
quando dança é pássaro por inteiro
esquece a mágoa e o sofrimento
desliza como água, é música em movimento
ganha asas, ganha vento, ganha os ares a sonhar
abre em arco os seus braços, risca lume no ar
e em pose de conquistador, rei d’aquém e d’além dor
vai onde o corpo alcança
e é num segundo
senhor do mundo
num subtil passo de dança!
In: CNB e a Poesia
Edição: Companhia Nacional de Bailado
SILÊNCIO
(2013)
Há o silêncio dos que se encontram.
Há o silêncio dos que se afastam
Não, por favor, nada digas…
Se chegas, não preciso de palavras…
Se partes…
de que me servem as palavras?
In: «Para Ti», 2014
Ed: Kreamus
SILÊNCIO QUE ME ABRAÇA
(2013)
Só quando fiquei só
o silêncio me abraçou.
Só quando fiquei só
iniciei uma conversa comigo mesmo
e descobri que tinha saudades minhas.
Gosto do silêncio que me abraça
da mesma forma que gostei de me reencontrar.
Agora tenho ciúmes de mim próprio.
Não me quero perder para ninguém.
Só voltarei a abrir a porta
a alguém que converse comigo
sem me quebrar o silêncio
sem me roubar de mim.
In: «Para Ti», 2014
Ed: Kreamus
GAIA: TERRA•PARIDEIRA
(2013)
Era uma vez... e era uma vez primeira.
E era uma vez ninguém, mas que se fez parideira.
E passou a ser alguém. E era uma vez uma mãe.
E era uma vez uma deusa - Gaia.
Não porque era deusa, mas porque era mãe.
E era uma vez o céu também, a cobrir a terra inteira.
E era uma vez a deusa-mãe a tirar filhos da algibeira.
E era uma vez muitos filhos de uma só mãe.
Alguns eram filhos dos filhos e eram filhos também.
E no útero de uma mãe cabe
a profundidade do mar e a altivez da montanha.
E por vezes cabe a dor tamanha
de gerar toda uma guerra de titãs.
Porque nem todos os filhos são manhãs,
e às vezes, quantas vezes, são revezes e escuridão,
porque se uns são filhos, os outros filhos são,
mas uns nascem na luz e outros não.
E por vezes, por vezes é preciso dar tempo ao tempo
para que a terra do céu seja decepada,
porque o útero que gera o amor também gera a espada.
E por vezes, quantas vezes, sabemos bem,
serem os filhos os carrascos de sua mãe.
e a morte será a filha derradeira,
da deusa-mãe, Gaia, terra-parideira.
In: "ARTE Poesia"
OZ Edições, 2015
RECEBEU OS SEGUINTES PRÉMIOS:
Correntes d’Escritas 2015
LIVROS ESCRITOS POR JOÃO MORGADO
ROMANCE
‘Vera Cruz’, Biografia de Pedro Álvares Cabral
Clube do Autor, 2015
'Diário dos Imperfeitos'
(Prémio Literário Vergílio Ferreira 2012)
Editora: Kreamus - 2012
‘Diário dos Infiéis’ – Romance
Editora: Oficina do Livro (LEYA) - 2010
CONTOS
'O Pássaro dos Segredos'
Conto Ilustrado
Editora Kreamus, 2014
‘Meio-Rico’
– Contos
Editora: Kreamus - 2011
‘Falstaff e o Vinho de Roda’
- Conto
In: Contos com Vinho da Madeira
Edição Instituto do Vinho da Madeira (Colectânea) - 2009
POESIA
´Para Ti'
Editora Kreamus, 2014
COLECTÂNEAS DE POESIA
‘Poesia Arte’
Edições Oz, 2015
‘Marginália’
Ed. Edita-me, 2015
‘Água de Doze Rios’
Ed. Coisas de Ler, 2012
‘Colectânea de Poesia Contemporânea da Beira Interior’
Coordenador e Co-autor:
Editora: Kreamus - 2000
FOTOGRAFIA
‘Covilhã e a Estrela’
Co-autor (Texto) Fernando Chaves (Fotografia)
Editora: Kreamus - 2001
ESTUDO
‘Covilhã e a Imprensa - Memórias de um século: 1864/1964’
Editora: Associação Nacional de Imprensa Diária e Não Diária – 1998
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