Marcia Gruber

Autobiografia Resumida

Márcia Gruber é escritora, nascida aos 18/02/1961 em Sao Bernardo do Campo. É mae de dois filhos, casada com Gernot Gruber e mora há 7 anos em Viena. Estudou na Universidade de Taubaté onde se formou Secretária Executiva, cargo que exerceu durante anos enquanto morou no Brasil. Desde jovem Márcia descobriu o gosto de escrever e foi em silencio que durante muitos anos escreveu poemas e contos, que somente agora comecam a ser mostrados. Seus textos falam de assuntos corriqueiros de cunho intimista, cujos reflexos traduzem os conflitos do espírito humano dentro da sociedade.

Aceitacao

 

Eu procuro

alguém que me de em versos

ou que o vento as traga

respostas em maos lavadas

sem verdades mal contadas

 

quando o tudo

com o nu se confunde

e nada deixa resvalar

fico eu apenas com aquilo que me restar

 

no lume que alivia a escuridao

lá longe, onde eu nada posso ter

deitarei meu destino ao acaso

e deixarei tudo acontecer

 

nao serei juiz da minha sorte

por que ainda nao a compreendi

apenas tento aceitar

o que eu nao escolhi

 

Gente

 

Se for para falar de gente

prefiro pessoas verdadeiras

com reais histórias corriqueiras

aquelas que ocupam lugares de fato e que nao sejam virtuais

que carreguem consigo idéias, além de assuntos banais

que tenham atitude e sejam – sobretudo - fiéis consigo mesmas

 

pessoas... como conviver com tantas diferencas ?

como crer que de tudo ainda possa existir

um rasto de verdade entre palavras e atitudes

a preferir passar por uma vida inteira a mentir

o mundo está carente de valores e virtudes

 

quase todos observadores grotescos

somos vítimas de nossas próprias angústias

reféns de nossos próprios traumas e medos

vivemos apenas em deliberado estado de alienacao

numa batalha desesperada pela inclusao

 

quem se arrisca a falar o que de fato sente

vai enfrentar a forca da voz coletiva

e é por isso que a maioria mente

é preciso um bocado de coragem e energia

quem se posiciona com verdade do grupo se distancia

 

por isso vive-se de fuga, escapa-se da realidade

da triste e vencida realidade que nos atormenta

aumentando a já imensa necessidade de sermos aceitos

vamos fazer tudo, qualquer coisa, vale tudo

o importante é a aceitacao, o aplauso, justo ou nao

que diferenca faz se eu falo a verdade ou

se me crio para uma amostra grátis?

A psicologia explica, afaga e tenta acalmar

a metafísica se arrisca a explicar, mas em vao

e a vida continua, suave ou severa,

bonita ou feia, consciente ou nao,

somos vítimas do que criamos e do que acreditamos

de nossas fraquezas e virtudes, somos humanos

 

 

Amor

 

tudo o que nao se ve com os olhos

a alma nos permite tocar

 

o amor tem a cor da consciencia

e se engana quem insiste em procurar

no luxo da matéria o que nao se pode comprar

pois, o amor nao estará lá

nos caminhos de sua própria essencia

é fruto de feliz coincidencia,

o amor habita o ar

 

um ar que reflete e nos remete

a instantes de extase sem fim

quem desse ar já respirou um dia

sabe que o aroma é de jasmim

 

mas se o amor é riso, por vezes também é dor

ele desencarna, mas nao envelhece

Nao se explica nem se cobra, ele apenas acontece

Simplifica e justifica a razao de viver

 

É do amor a dor da áspera espera,

do abandono, do desprezo, da exclusao severa

da mentira covarde, do medo e da decepcao

e quando tudo parecer ter se acabado

é do amor o tempo do perdao

 

Amar é fácil e dipensa explicacao

mais fácil é confundir amor com paixao

essa febre de ilusao que cega e entorpece

que nao dura muito mais do que uma simples estacao

mas que deixa uma ferida na alma que padece

 

Por tudo e mais um pouco, eu escolho amar

para ter o gosto de desfrutar

da mais especial e sublime sensacao

que por tudo, o amor é doce, nobre e sereno

o sentimento mais puro, elevado e forte

que nos leva a nós mesmos, na vida e na morte