NATAL – O Verso & O ReversoCausa-me certa impressão
Falar-se tanto em Natal,
Como um dia especial,
Em que se trocam lembranças,
Se fazem grandes festanças,
Nas famílias abastadas…
Quando há tantas crianças
E famílias desgraçadas!
...Tanto se esbanja e consome!
Quando se esquece, afinal,
As criancinhas com fome
[e tantas há neste mundo!]
Tantos velhos e doentes
Que não podem ter Natal!
Os sem-abrigo nas ruas
Num sofrimento profundo
Passando a noite ao relento…
Tantos que não têm nada
Só o frio, a chuva, o vento
E a cama numa calçada!
...E tanto pão que se estraga!
Basta ver os contentores
Do lixo, no outro dia,
Bolos e pão com bolores
Brinquedos caros, flores...
- Quanta fome saciava!
Papel de enfeitar, às cores,
Que só dá p’ra agasalhar
Esses pobres, sem amor,
Sem família, sem NATAL!
Numa vida marginal!...
...E tantos com mesa farta
Na rua da hipocrisia
No chalé da falsidade
Nos palácios, na cidade...
Mas outros, sem alegria,
Sem família, sem ter nada...
Nada têm nesse dia:
- Só as pedras da calçada!
...Mas o homem não percebe!
Que o outro homem merecia
Tal como Deus o concebe
Tratado igual por igual!
...E o homem, na hipocrisia,
Apenas vê um Natal
Quando o Natal bem devia
Ser Natal em qualquer dia:
- Qualquer dia ser Natal!...
A VOZ DO POETA Eis aqui o meu grito de desgosto
Contra aqueles que pretendem atacar
A voz e o sentimento do poeta!
Para quem é surdo ou se recusa a escutar,
Eu quero afirmar que, por tão nobre…
Nenhum covarde cala nem vai silenciar
O que, a alguns, incomoda e inquieta:
- A voz e o sentimento do poeta!
E... por mais que tentem disfarçar...
Por mais que escondidos e frustrados
Queiram covardemente a nossa voz calar...
Será sempre a força da razão
Que, com firmeza e bem sonante
[chegue essa voz perto ou distante] …
Ao mundo vai gritar:
- Os poetas...Sim, os poetas que o são...
Esses, eternamente vencerão!
E nada nem ninguém os vai calar!
NO MEU SANGUE HÁ POESIA!Tempos idos, quem diria...
Que no meu sangue corria
Sangue do meu coração
Composto de poesia!
E o sangue, principalmente,
Que é a vida da gente,
Feito glóbulos, plasma,
Onde correm sentimentos,
Plaquetas e coisas mais!...
Tantos são os elementos
Que, se bem analisado...
Tantos são! - Até se pasma!
...ácidos gordos totais,
Carbono, cálcio, minerais,
colesterol, bilirrubina
ferro e creatinita
glucose, adrenalina,
Tantas coisas… Tantas mais!...
- Quem alguma vez diria
Que o composto do meu sangue
Tem muito de poesia!?
Sem ela, não viveria...
Porque no meu coração
Mora a saudade, o amor,
Como se fosse alquimia,
Tal como diz Paracelsus...
O bálsamo p'ra toda a dor
Da química e da medicina
Que corre pelos meus versos!
No meu sangue corre o amor...
Corre muito, em demasia;
Em versos soltos, sem rima,
No meu sangue existe amor.
No meu sangue... há poesia!
VERSOS TRISTES [escrito para a Ciranda com este Tema]
Os meus versos são tristes - eu bem sei!
São tristes porque a alma assim o sente!
São versos tristes, de saudade, porque amei
E perdi quem tanto amava, de repente!
E hoje, um novo amor, por mais que tente,
Jamais será como o que tive, de alguém
Com quem vivi feliz, intensamente…
Mas que Deus a Ele chamou para o além!
Os meus versos são tristes – é verdade!
Mas um novo amor me despertara, certo dia,
Alguém, que por carência e amizade...
Me fez acreditar que o amor não tem idade!
E os meus versos, tristes, sorriram d'alegria,
Sem esquecer quem tanto amei: e com saudade!
ESCOLA DA VIDA“Só sei que nada sei” [Sócrates]
Por tanto amar na vida,
Confesso que já nem sei
S’inda posso dar guarida
A outro amor d’alguém!
A vida dá-nos lições
No viver do dia-a-dia...
Que parecemos sabichões
Na prática e em teoria!
Mas a vida me ensinou
Que nem sempre um dito 'amigo'
É o que a gente pensou
Antes de nos ter traído!
A vida é a universidade
Onde há tudo que aprender:
Cada dia a realidade
Dá-nos um novo saber!
E em cada dia que passa
Muito de novo aprendemos
Mas a vida... Por pirraça,
Diz-nos que pouco sabemos!
Esse pouco que sabemos
É tudo quanto nos resta
Depois do que já esquecemos
Que aos poucos se manifesta
2.Nov.06MÃE NATUREZAFernando Reis CostaÓ estirpes que se extinguem da beleza
Que a mãe Natureza ao homem deu!
Vemos hoje que a própria Natureza
Está sendo destruída. e se perdeu!
E o homem, ambicioso e com frieza,
Quer mais e muito mais em cada dia:
Destrói cada vez mais a Natureza
Buscando tostões na tecnologia!
Lembremos a paisagem, outrora linda;
Hoje. terra de cinzas, tão queimada;
No ar, o oxigénio quase finda.
E se a destruição continuar ainda
No ritmo que leva, acelerada.
Do homem-suicida fica 'nada'!
biografia: Nasceu em Oliveira do Hospital, e reside desde há cerca de 45 anos em Coimbra, onde estudou e se licenciou em enfermagem - área de saúde mental, com pós-graduação em Administração.
Frequentou o Curso de Direito na Universidade de Coimbra, que não chegou a concluir, por razões de ordem profissional e familiar.
Exerceu o cargo de chefia na área hospitalar e, mais tarde, optou pela carreira do Ensino de Enfermagem, que exerceu durante cerca de 20 anos até á sua aposentação.
Começou a escrever alguns poemas numa fase algo crítica da sua vida - falecimento trágico e inesperado de sua esposa, em 2003 - cujos poemas agrupou num pequeno livro - 'Desabafos' - [edição impressa por processo informatizado, expressamente feita para familiares e amigos íntimos], e que foram essencialmente escritos em memória da mulher com quem viveu 42 anos de um casamento muito feliz.
Nesse livro se incluem 'Triste Madrugada', 'Cravo Vermelho' e 'A minha Dor', entre outros. Porém, só a partir de meados de 2006 se dedicou mais à poesia, tendo colocado na Internet, em 27 de Julho desse ano, o Site 'Ventos que Passam': www.ventosquepassam.com.br
Tem textos de sua autoria em vários Sites e Blogues.
É membro efectivo de:
- 'AVSPE' - Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores.
- 'Recanto das Letras' - Poesias. Contos.Crónicas';
- Casa da Cultura, Literatura e Poesia, Org.Br.,
- Luso-Poemas
Não tem trabalhos publicados; sairá em breve a sua primeira publicação numa Antologia, e tem em perspectiva a edição de um Livro de Poesia.
Tendencialmente mais voltado para temas em predomina a saudade, o amor, a nostalgia. - talvez em virtude do seu temperamento romântico e sentimental é, apesar disso, uma pessoa de espírito jovem, divertido, escrevendo também alguns temas sob a forma de 'trocadilho, paródia, cordel', etc.
freiscosta@gmail.com