V I D A Frente a gente que não vejo,
minha vida flutua perdendo-se
em poemas irisados.
Olho teu sorriso.
Oiço tua voz.
Vejo gente que não vejo
e corro meu pensamento
como louca...
O mar é minha companhia
pra não sentir solidão
nesta agonia sem fim.
Onde estás meu amor?
Só ondas salgadas
Molham meu tremor.
Moras onde um Sol de Verão
esperguiça seus raios mornos
d'entardecer.
Àmanhã voltarás?
Àmanhã voltaremos?
Nossas vidas suspensas
num arco-íris de sonhos.
Àmanhã seremos VIDA!...
Destinos que se prolongam
como um mar sem fim,
procurando ser uniformes.
Maria Manuela Silv
ALUENA Se Tu Viesses Se tu viesses,
quando os olhos se me cerram de desejo
e os meus braços, pobres e nus,
se estendem para ti...
Se tu viesses,
quando a minha boca a rir
parece vermelho cravo a abrir...
Se tu viesses...
Há hora das fadigas mortas,
e os teus passos
passando a muitas portas
viessem para aqui?...
Então sim!
Seria a loucura partilhada.
Seria a busca do teu corpo e o meu.
A febre das nossas mãos tocando-se,
num doido anseio dos meus braços
a abraçar-te.
Seria corrente de lava
queimando nossos corpos
abrasados de suor...
E a tua fronte linda,
calma, morna e clara,
uma tempestade!...
Verias o meu sol nascer, nascente,
no doce do teu mel
a beijar meus olhos, minha face,
minha boca em flor.
Teus olhos de chamas ardentes,
seriam duas correntes
a prenderem-me e a perder-me.
Pedaços de Ti [ao meu pai, em 19/03/204] Palavras, gestos, voltam à mente
trazidas pelos ventos da saudade
que ecoam no meu coração.
De repente, um perfume no ar,
entra na alma e faz-me sonhar.
Revejo-te na lembrança doce
da flor que te oferto
como antigamente.
Ficávas tão feliz!...
E de repente... sinto teu afagar.
E teu olhar tão doce
que 'inda agora mesmo
parece estar sorrindo.
Pedaços de ti...
Já somos muitos,
Os filhos, os netos,
os teus queridos.
Caminhando na vida emocionados,
relembrando memórias tão vividas
que o amor e o carinho dos teus braços
em mim, jamais serão esquecidas.
BIOGRAFIA Nasci em LISBOA, em 15/05/1946,
nesta linda capital de Portugal,
belo e pequeno País Europeu à beira mar plantado.
Cresci junto à Fonte Luminosa, na Alameda D.Afonso Henriques até aos 6 anos. 'Recordações de Infância'.
Em 1952 fui morar para o Alto de São João, numa casa pequeina de onde via o Rio Tejo que me apaixona até hoje.
Utilizo o pseudónimo de 'Aluena' desde 1954,
quando o escolhi para concorrer aos Jogos Florais,
realizados nesse ano,
no Instituto Comercial de Lisboa [ao Chiado]
com o meu Poema 'PESADELO'.
onde me foi atribuida uma 'Menção Honrosa'.
Fiquei muito feliz por ter recebido esta Menção Honrosa. Para mim foi precioso incentivo e tive então a certeza de que a minha intuição poética poderia continuar a exercitar-se.
Procurei vários Editores pois queria publicar um Livro, [sonho antigo], mas todos me fecharam as portas, só publicavam autores já conhecidos.
Pensei em fazer edição própria, mas não tinha dinheiro para tanto, nem saberia como divulgar.
Desisti de publicar e assim fui escrevendo e guardando até hoje.
No Instituto Comercial, em Lisboa, frequentei a Secção Preparatória para Económicas [Curso Superior de Economia].
Entrei no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras em 1956, não tendo concluído o mesmo.
Trabalhar desde os 16 anos e estudar à noite, não era tarefa fácil, principalmente porque o meu trabalho era super exigente. [empregada na Companhia IBM Portuguesa, durante 30 anos]
O meu desejo de escrever e comunicar os meus sentimentos e intuições através da Poesia, nasceram muito antes, quando eu tinha 12 anos e estive muito doente, acamada, com grandes e fortes dores nos membros inferiores.
Filha de família honrada e trabalhadora, mas vivendo com dificuldades, não havia dinheiro para comprar livros.
Como eu gostava muito de lêr, e naquela altura ainda não havia Televisão, minha mãe 'alugava os Livros' para eu lêr, numa Papelaria nas traseiras da nossa casa e, foi nessa altura que devorei livros, o que me desenvolveu muito.
Foi assim que comecei a escrever quer em prosa, quer em verso, fazendo exercícios que mais tarde me fariam ser uma das melhores alunas da turma, a Português, quando frequentava a Escola Comercial atrício Prazeres, com uma redacção intitulada 'Uma Tempestade no Mar' que com muita pena minha, não guardei.
Saliento a histórinha abaixo, apenas para verem como era difícil naquela época , para qualquer mulher, ser tomada a sério, fosse em que situação fosse.
A Professora chamou-me à frente e mandou-me lêr.
Eu sempre tive boa dicção li tudo e no final, a dita professora, disse perante toda a turma:
- Agora senta-te, pois tens ZERO, este texto não pode ter sido escrito por ti. De que Livro o copiaste?
Fiquei muito aflita e pedi à professora autorização para minha mãe ir falar com ela, pois a mãe estava perto de mim quando escrevi a dita redacção.
[a nossa casa era bem pequena e eu estudava e fazia os trabalhos na cozinha].
Só depois dessa conversa ela se convenceu da realidade.
Por tudo isto a Menção Honrosa que me foi atribuída em 1954, foi de facto uma honra e um estímulo.
Tenho que salientar que enviei, entretanto, algumas cartas a Jornais Rgionais, na expectativa que publicassem alguns do meus Poemas. Assim foi e aqui presto as minhas homenagens e eterna gratidão a dois fiéis amigos que sempre publicaram os meus Poemas :
Jornal 'Ecos de Belém'
Semanário 'Voz do Alentejo'
Tenho também Poemas meus publicados em vários sites Brasileiros 'Sala de Poetas' e Portugueses
http://maktubpoemas.no.sapo.pt/