Dentro de mim Podes, se quiseres
Prender-me a ti
Com os laços do silêncio
E abraçar-me nas ondas do teu mar
E fugir-me…
E escapar-me…
Depois de me capturares…
No silêncio murmurado da gente que passa…
Podes ser-me…
E podes conter-me...
Na inegável ausência do espírito…
O clamor de questionar sobre o mundo…
Sobre Deus.. E a natureza…
Sobre nós…
Sobre tudo..
Podes fazer-me parte de ti
Eloquentemente...
Em ti...!
Perder-me em ti...
Cair em ti...
Dormindo em ti...!
Dentro de mim...
De mim.
Éramos dois Éramos dois
Unidos na dança trapezista dos sentidos
Abraçados no recanto da sala...
Onde a luz já não chegava...
Numa trama de ilusões... de gestos... de rostos...
Unidos em nós
E esquecidos dos outros...
Éramos dois
Perdidos na incerteza do que éramos...
Na natureza do que éramos...
Éramos dois
Dois corpos sentidos... entre as tulipas de um jardim de inverno...
Entre o fascínio de uma melodia suave... e terna... e meiga... e envolvente...
No fim de uma noite...
Ou no alvorecer de um dia...
Éramos a chama ardente...
Tapada na vela do silêncio...
Éramos a coberta de jasmim...
Num patamar de ausência...
Éramos nós...
Enquanto sonhávamos...
Dormindo...!
Éramos dois...
E assim ficámos...
Entre os sonhos partilhados...
E os poemas dispersos...
Os pensamentos rarefeitos nos olhares...
Os papéis abandonados no chão...
E as cartas rasgadas... numa saudade... do presente...
De tudo...
Éramos dois...
Sonhadores de nós mesmos...
Antes do alvorecer da manhã...
Antes de acordarmos do sonho...
Éramos dois...
Sim...
Éramos...
Eternidade Ouve-me...
Quero que me oiças...
Quero que me oiças e escutes...
E que te escutes a ti própria....
Quero que corras...
Que corras pelas estradas e caminhos do sortilégio e da fascinação
Sem que para isso tenha de haver pacto ou convenção
Que o permita acontecer...
Que te permita aconteceres-te a ti mesma...!
Quero... que sejas livre e espontânea
Que sejas solta e imensa, incontrolável e intérmina...
Aberta, imune, disposta a tudo... e a mais... a muito mais...
Quero que sejas copiosamente etérea, diáfana, celestial...
Que sejas leve, suave, subtil, delicada...
E que voes como gaivota acompanhando cada caravela a caminho do indistinto, do infinito...
... A caminho daqui...
Quero que vivas e que sejas...
Quero que vivas e que sejas dentro do teu próprio ser...
A distância própria entre o sonho e a criação
A distância vaga e ambígua entre a quimera e o devaneio
Entre a obra e o criador
Entre o tudo e o nada... no limiar da loucura...
Quero que existas e estejas
Dentro de toda a criatividade imanente...
Dentro de todas as canções... de todos os livros, poesias e romances, contos e histórias, retratos e fotografias, pinturas e estilos artísticos... estilos de vida... e de todos os tempos...
Quero que vivas e ames... chores e sofras...
Nessa planície pejada de movimento e sensualidade que é o teu corpo, onde a volúpia e o prazer te dão alento e firmeza em cada dia...
Quero-te simples, genial, corajosa, amada e amante
Vibrante, trémula, sôfrega de desejo...
No intuito, ânsia e desígnio da nossa história...
Entre as fantasias e o poema inspirado pela lira e musa de todos os tempos...
Por tudo...
Quero que tenhas a cor dos versos da vida...
E os lábios em labareda viva do fogo ardente dos teus olhos
Que me queimam e laceram em movimentos céleres e efémeros
Como a embriaguez de uma loucura... ou a ruptura de um gesto perpétuo, repleto de repleto...!
Quero que te aproximes e me respondas...
Quero que sejas profundamente minha...
Excelsa e serena, exuberante e plácida, sábia e louca, singela e pura, felina e flutuante, rio e ria, mulher e menina, chuva e neve, arrepio de garça, sacudir de cisne, canto de poetisa, vórtice de eternidade... e tudo... tudo o que podes ser...
....Ah...
...Responde-me...
Espero que possas sentir... e ser... e amar... e crer...
Como benção de um sem fim de religiões ou cultos e crenças, doutrinas e leis, devoções e rituais, pragmas e preceitos...
E que me oiças... e respondas...
... Responde-me....!!
Não permaneças no silêncio apagado e incerto
Vão e desprovido de compromisso e de ânimo .... e de alma... e de sonho ... e de salmo...
... Não..!!
.. Não morras... dentro de ti...
E responde-me no caminho para o ontem... e para o hoje... e para o nunca suposto ou pensado...
Porque eu...
Eu estou aqui...
Na linha que dispersa o mundo tempificado e mensurável, daquele que se não pode medir... nem julgar... nem mesmo criar...
Porque eu....
Eu... estou aqui...
Para sempre... na eternidade...
À tua espera...!
Biografia:
Pedro Miguel CamposDeram-me o nome de Pedro Miguel Marques Moço Barão de Campos, do qual faço assinatura artística Pedro Campos.
Nasci em Lisboa no ano de 1983 durante a Primavera, no dia 11 de Abril. Desde aí que tenho crescido e aprendido tanto e tanto sobre o mundo e as pessoas e os animais e os instantes que passam aqui...! Escrever é para mim um acto de aprendizagem, de paixão, amor e fidelidade. Um acto que acontece e me acontece quando me sinto sentido no gesticular eloquente da junção alquímica das palavras... e das emoções... dos pensamentos... e das sensações... ali a meio sorriso... entre a Praça do Ontem e a Estrada do Sempre...!
Lembro-me que me apaixonei pela escrita aos 13 anos de idade. Até aí, ouvira sempre histórias e aventuras contadas pelos meus avós e pais. Sempre essas histórias me encantavam e deslumbravam, umas vezes pela aventura vivida, outras vezes pelo mistério que nelas existia. De há alguns anos para cá tenho sido eu a criar também algumas histórias, desde histórias para crianças até romances e dramas. Para além da prosa, escrevo poesia e por vezes aproveito-a para a composição de músicas. Sempre adorei música e hoje faço dela uma outra faceta da minha vida, a de composição musical. Ao longo do tempo fui tendo algumas experiências: com 17 anos fui convidado para ir a algumas escolas fazer palestras sobre a minha poesia e os meus livros, o objectivo essencial desse convite era a desmistificação da poesia e da figura do poeta. Escrevi o meu primeiro livro de poesia com 15 anos, o segundo com 16 e a partir daí normalmente tenho escrito dois livros de poesia por ano, tendo neste momento cerca de 14 livros de poesia escritos. Relativamente à prosa tenho dois romances escritos, um livro de contos e ainda um livro de ensaios sobre o mundo e sobre o pensamento. Contudo nunca publiquei nem sequer enviei nenhum trabalho meu para nenhuma editora. Alguns dos meus livros são editados e impressos por mim e distribuídos de mão em mão, em pequenas quantidades. Para além de tudo isto, tenho participações ao longo dos últimos anos em diversos sites na Internet, assim como em Jornais e Revistas. Participei ainda na Comunidade Sonhos de Poeta, na Antologia intitulada Poesi@.
Actualmente estou a frequentar o último ano da Licenciatura em Professores do 1ºCEB na Escola Superior de Educação de Lisboa, possuo duas páginas na Internet e dois Blogs. Sou também membro da SaneSociety e mais recentemente dos Poetas Del Mundo, partilhando os ideais do seu Manifesto.
Mas... para além de tudo isso... sou um sonhador... um amante da natureza... e do mundo... apaixonado pelos instantes, pela reflexão, pelas pessoas e pelas artes.
Sou um cidadão do Planeta Terra e tento ser... a cada dia que passa... um livre-pensador... crente no futuro, um optimista presente de todos os tempos, um aluno aprendiz do mundo, das coisas, de tudo e de nada... tento... ser .. feliz...assim...!
Se sou poeta ou não... se escrevo bem ou mal... não sei...
O que sei é que gosto do que faço... e desejo... fazê-lo sempre... na saudade que já sinto do que ainda não foi....! O que interessa é ser-me eu mesmo. É ser eu a minha poesia.
Até sempre..
Pedro Campos
pedrobaraocampos@gmail.com