A Garcia LorcaAs cinco da tarde
as meninas passeiam
com seus vestidos de festa
alegres com a sua inocência
Às cinco da tarde
as papoilas vibram
com o vento
no deslize sereno
Às cinco da tarde
tangem violinos
na perenidade
do amor perdido
Às cinco da tarde
os sinos da aldeia
tocam a rebate
na travessura incompleta
Mas ás cinco da tarde
meu coração
balbucia e pensa
numa alma congénere
Mas às cinco em ponto
no alvoroço da tourada
na algazarra dos aplausos
um corpo cai e uma mãe chora.
***
Ópera
No silêncio da sala
a audição
estremecia meu corpo
com aquela área
de Tosca
A beleza o encanto
rodeava-me
coberto de sensações
na delícia da área
entoada por Plácido Domingo
Sentia uma sensação de bem estar
corroer meu corpo
deliciado irrequieto
perdido na solidão
daquela noite
Minha consciência
sentia-se perdida
no delírio de uma multidão
encoberta pelo silêncio
Minha alma sentia-se feliz
Os sons sentiam-se
no ardor de um corpo
frágil mas sereno
Outra área renovava
meu espírito sereno
A felicidade renovava-se
misturada com o cântico
Então o silêncio fez-se
no término da ópera
e os aplausos rodearam a sala.
***
Sonho No silêncio da noite
o relógio rodopiava
até eu fechar os olhos
Então o tempo parou
Uma névoa cobria
meu antro
e então sonhei
que era um cavaleiro andante
Cavalgava por entre planícies
as nuvens rodeavam-me
com seu manto branco
vi os terrores da guerra
cadáveres amontoados
Desferi minha espada
Uma luz se acendeu
no firmamento
e o mistério dissipou-se
A morte desfez-se
em prantos de alegria
A ressurreição tornou-se
inevitável
O despertar daquelas almas
aconteceu numa noite
de nevoeiro
O soar dos pássaros
apareceu ao amanhecer
e aqueles homens
abraçaram-se fraternalmente
As armas desfizeram-se
em torrões de areia
Senti um safanão
e vi uma velhinha
toda sorridente
chamar pelo meu nome
Então despertei do sonho.
***
As Flores As flores
abriram a saudar o Sol
As pétalas soltaram-se
numa dança maravilhosa
a saudarem a Primavera
As abelhas cantavam
com mantos diáfanos
no sorriso do amor
Beijavam as flores
com suavidade
Era a maravilha da natureza
com a suavidade
da época recheada de beleza
Os raios de Sol
cobriam com suavidade
os campos verdejantes
A rainha da Primavera
entoava cânticos
à paz dos homens
que cultivavam as terras
sedentas de ternura
As crianças protegidas
pela mão de Deus
dançavam no pátio
com toda a ingenuidade
para um futuro imprevisto.
***
CURRICULUM DE PEDRO VALDOYDesde os oito anos que adora escrever. Quando estudante, fundou o jornal de Parede O GAVIÃO . No fim da década de 50 foi jornalista em Lourenço Marques. Conviveu com Reinaldo Ferreira, filho do repórter X, Moura Coutinho e José Craveirinha, então director do BRADO AFRICANO.
Tem poemas publicados em vários jornais de Moçambique, Ilha da Madeira e Portugal Metropolitano.
Participou nos Encontros de Poesia realizados em Vila Viçosa, em 1988. Colaborou em diversas antologias de poesia.
Em 1990 publica o livro de poemas, POEMAS DO ACASO. Em 1991 edita mais um de poesia, HÁ CANDEIAS NO FIRMAMENTO. Em 2001 NO SILÊNCIO DE UMA PALAVRA
Tem mais três livros virtuais editados pela AVBL.
Presta colaboração no jornal POETAS & TROVADORES.
PEDRO VALDOY pedro.valdoy@netcabo.pt