RONDARondo teus olhos densos, misteriosos,
faróis perscrutadores, transcendentes,
iluminando vidas decadentes,
afastando-as de traumas nebulosos.
Rondo tua boca, sede dos conselhos,
portal das esperanças espargidas
sobre incontáveis almas sem guarida,
cujas condutas seguem teus espelhos.
Rondo teus gestos francos, teus sentidos
e o frescor matinal de rosas puras
que emerge do teu lábio enternecido.
Rondo, enfim, a lascívia mais segura
que escorre transparente da ternura
com que evocas os sonhos não vividos.
SONETOSoneto! Arte da pena, rei do verso,
abrigo da emoção, do sonho puro,
castelo de ilusões, porto seguro,
tremor do coração em ânsia imerso!
É a síntese do canto mais profundo;
residência das dores nos desates
entre amantes e amigos; e entre vates,
tribuna das paixões de todo mundo!
Canta na paz, na guerra e em qualquer norte
a vida fulgurante e o breu da morte,
porta-voz das comunas e dos guetos!
Todo bem, todo mal, o azar e a sorte,
encontram nos quartetos e tercetos
o encanto e o ferrete dos sonetos!
RENDAS E TEIASArdência sem conta, minha alma incendeia,
meu corpo se alinha à emoção do desejo,
meus lábios se aprontam aos múltiplos beijos,
enquanto meu sangue borbulha nas veias!
O encanto da noite burila a libido,
transforma meu corpo em nudez de emoção,
prepara o momento onde nula é a razão,
ditando os domínios do amor mais sentido.
Ao ver-te, o universo se aquieta aos meus ais;
meus olhos lacrimam rendidos às ânsias,
enquanto tua voz murmurosa me enleia.
A sorte é magia; comum dos mortais,
enredas-me ao gozo, ao tremor e à fragrância
do teu universo de rendas e teias.
HERANÇAQue vida tive em todos esses anos,
enclausurado em dores de saudade,
ao jugo da esperança mais covarde
a impetrar-me ilusões e desenganos?
Neste outono, de que me ufano agora,
se a augusta primavera dos encontros
rendeu-me amargas dores, desencontros,
e a orfandade do amor que me devora?
Restaram-me o vazio e a solidão;
sequer lembrança boba vicejou,
à sorte de alentar-me em alguns sonhos.
Talvez, de ganho, eu herde a compaixão
da mulher insensível que enlutou
as horas dos meus dias mais risonhos!
Um poema em espanhol :CANTO A LOS NIÑOS DE LOS CAÑAVERALESLa tierra es la madre pariendo el dolor y la caña,
bajo el canto de hierro de los machetes.
El batallón de niños-jovenes
realiza ambiciones aristocráticas,
al peso de las taperas y de los andrajos,
de la cicatriz, del llanto y la vergüenza.
La canción de las moliendas de los ingenios
invade la inmensidad de los campos verdes,
rompiendo el día, la noche y la madrugada,
al molde esclavista de la “senzala”
que convivia al canto del trabajo.
Si los cuerpos de los niños “bóias-frias”
se despedazan en la lucha deshumana,
al rigor del desprecio de los patrones,
retornemos a la historia de los señores
que a los cuerpos de los esclavos provocaban
los torturantes dolores de los látigos,
en nombre de la ambición inombrable.
La cosecha es mandíbula de la fiera
que de a poco dilacera la vida inocente,
consumida en las brasas que aún subsisten
después de las llamaradas de la limpieza.
La cosecha es una puñalada perversa,
que rompe la conciencia inocente
en dirección a la carne sin defensa.
La ceguera empresaria es tragedia,
a pesar que justifique sus contratos
con una obra social imponente.
La suerte de los niños, mientras tanto,
desenmascara la indecente hipocresía
del vil capataz explotador.
De sol a sol, mandioca, sal, frijol,
agua salada y un catre para el descanso.
De las manos desnudas, brotan callos vivos;
del pecho desnudo, renacen cicatrices;
del rostro frío, emerge la mirada sin rumbo.
Es en el alma que las cadenas están presas.
Legión desnutrida y analfabeta,
abriga los hierros sucios de la ambición
mientras la libertad vuela sin sentido.
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BIOGRAFÍA:
Antonio Kleber Mathias NettoQuanto à breve biografia, saliento que nasci na cidade de Macaé, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Formei-me na Universidade Federal Fluminense em Direito. Exerci a Magistratura durante vinte anos, no Estado do Rio Grande do Sul. Aposentado, dedico-me à Literatura. Publiquei alguns livros, entre Romances, Poesia, Pensamentos e Contos. Sou membro da Academia Sul-Brasileira de Letras. Desejando outros dados, coloco-me ao dispor.
klebermathiasnetto@hotmail.com