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Anna Flores
Nacionalidad:
Brasil
E-mail:
Biografia
Tu És Um Mal
[21 de fevereiro de 2010]

Tu és um mal, câncer, tumor,
Tu és doença e morte,
Onde foste minha sorte,
Onde foste o meu amor.
Agora és fundo corte,
Agora és apenas dor...

O pássaro no meu peito
Queria cantar para ti.
Algumas notas - dó, ré, mi,
Mas logo viu: De que jeito?
Ou nunca estavas aqui,
Ou não ouvias direito...

O pássaro tu calaste,
Bem mais do que isto até:
'Deitei meus sonhos sob teu pé',
Na flor deles tu pisaste,
Suave teu passo não é,
Da flor não restou nem haste...

O amor que eu te tinha
Transformaste em veneno.
Coração antes ameno,
Alma hoje mesquinha.
O olhar antes sereno,
Hoje da ira rainha.

Sou a tua criatura
Moldada pela tua mão:
Da minh'antiga afeição
Tu criaste amargura;
Transformaste meu coração:
Criaste nele feiúra.

Desejo-te todo o mal
Que me deste de presente,
O desconcerto da mente
E o inverno eternal
E esta dor inclemente -
Este ciúme animal...

Nota: A terceira estrofe faz referência direta aos seguintes versos do poema 'He Wishes For The Cloths Of Heaven' de W. B. Yeats:
I have spread my dreams under your feet;
Tread soflty because you tread on my dreams.

Este É O Inverno Sem Fim
[21 de fevereiro de 2010]

Este é o inverno sem fim,
É o inverno exclusivo -
É o que veio só para mim.
Eu já morri? Ainda vivo?

Eu respiro, portanto eu sou?
Há tantos mortos que respiram...
Só há neve onde eu estou,
Turbilhões de neve que giram.

Giram, giram em torno de mim
Os turbilhões de frio espesso,
Filhos do meu inverno sem fim
E sem meio e sem começo.

Às vezes, vislumbro a Lua
Ou o Sol por entre a neve.
Ah, mas não posso mais ser tua -
O momento de luz é breve...

Fecha-se a neve sobre mim -
Não há céu e não há caminho.
Só há este inverno sem fim
E nele um ente sozinho.

Nota: Alguns dias antes de escrever este poema, eu tinha lido o dizer de um reclame: 'Já teve a impressão de que o inverno nunca chega ao fim?' ou algo parecido. Mas eu também pensava no seguinte verso da música 'A Natural Disaster' da banda Anathema [álbum 'A Natural Disaster' de 2003]:
'It's been a long, cold winter without you.'


É Bom Vires De Joelhos
[27 de fevereiro de 2010]

Da próxima vez que disseres que me amas,
É bom vires de joelhos, manso e servil.
Cai de joelhos quando o meu nome chamas,
Porque desta vez, eu não serei mais tão gentil.

Lembras-te da primeira vez em que te deixei?
Deixei-te porque meu amor era imenso:
Porque me usavas, segundo a tua lei:
- Às vezes, amo-te; no mais, em ti nem penso.

Este pássaro que no meu peito eu trago
Ansiava por poder só para ti cantar.
Seu canto perdeu-se, inseguro e vago,
Desde que tu proibiste-me de te amar.

E assim, triste e sem fé, fui-me embora,
À minha volta, um inverno infinito.
Pobre pássaro perguntava-se agora:
- Essa ânsia de amar será só um mito?

Por conta desta ânsia que perfaz o meu ser,
Entreguei o meu corpo a homens sem conta.
Agora eu sei: Era para te esquecer,
Para afogar a dor da tua afronta.

Deste mal que me és, desta enfermidade,
Meu pássaro já estava quase curado.
Então vieste, olhos cheios de saudade -
Ah, tu querias voltar para o meu lado...

E eu, tola como sou, em ti acreditei;
Cri que agora tu deixavas-me amar-te.
Mas no teu mundo só vale tua própria lei:
- Só quando quero, podes dele fazer parte.

Como antes, cortaste-me da tua vida.
Para que tu me quiseste de volta então?
Eu sei: Inveja tola, vaidade ferida:
Com outros, eu estava bem; sozinho, tu não.

E assim, eu deixei-te pela segunda vez,
Voltei à vida de encontros cambiantes.
Como de costume, faltou-me a lucidez:
Tornaste-te o mais caro dos meus amantes.

E o dia chegou que havia de chegar:
O dia da tua solidão chegar ao fim,
O dia em que havias de me rejeitar,
Porque agora não precisavas mais de mim.

E foi só nesse dia que eu me dei conta:
Do mal que me instilaste, longe a cura:
Meu amor é doença que me amedronta,
Que me intoxica e que me desfigura.

Um outro dia virá que também há de vir:
O dia em que estarás só novamente.
Assim como tu és, eu posso bem pressentir:
Esse dia é agora já iminente.

Será nesse dia que tu te darás conta:
- Terei seguido sempre a falsa doutrina?
A única que para mim estava pronta
Deixei ir-se - não, arranquei da minha sina...

Nesse dia, amigo, se quiseres voltar,
Vem como um crente entrando na igreja,
Aproxima-te de mim como a um altar:
Se tu me quiseres, de joelhos rasteja!...

Nota: A primeira estrofe é praticamente uma tradução livre dos primeiros versos da música 'Over' da banda Evans Blue [álbum 'The Melody And The Energetic Nature Of Volume' de 2006]:
You better crawl on your knees
The next time you say that you love me.
Fall on your knees
Because this time I won't be so kind.


biografia:
Anna Flores

Nasci em São Paulo em 1965, resido em Berlim desde 1990, tenho um filho, Gabriel, de 8 anos. Como escritora, assino Anna Flores em homenagem às minhas avós, Ana Gonçalves Aleixo e Leontina Leonília das Flores. Fui professora de História e Geografia em São Paulo, antes de tornar-me linguista em Berlim.

Com 7-8 anos, escrevia quadrinhas rimadas ingênuas, quase todas para a minha mãe. Quando adolescente e jovem mulher, compus poemas livres tematizando principalmente a solidão e o amor desencantado.

Depois de cerca 20 anos de pausa, retomei a escrita. Solidão e amor desiludido continuam a ser meus temas centrais. Hoje em dia dou mais valor à forma do que na minha juventude, isto é, hoje não me disponho mais a renunciar à musicalidade e ao ritmo que regularidade de rimas, sílabas poéticas e estrofes conferem ao poema. Se antes eu pensava que tal implicaria em sacrificar o significado à forma, hoje penso que na realidade se trata de um processo interativo: Qual forma melhor expressa o significado? Quais aspectos do significado a forma permite melhor expressar?

Influências desde sempre: cantigas de amor dos trovadores medievais e Emily Dickinson [um pouquinho], Rainer Maria Rilke [um 'poucão'] e, acima de tudo: Cecília Meireles; mas também letras de músicas de várias bandas: Pink Floyd e Smiths, Anathema, Evans Blue, Art Of Dying e tantas outras.

anna.flores.65@gmail.com

 

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