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Marcio Rufino
Nacionalidad:
Brasil
E-mail:
Biografia
O Despertar de Adão-poema em prosa

Outro dia ao acordar, imaginei-me no lugar de Adão. Mas não o Adão de Eva; não o Adão da árvore do fruto da ciência do bem e do mal; não o Adão da expulsão do Paraíso; não o Adão que gerou Caim e Abel. Mas o Adão de seu princípio. O Adão que sendo o começo de tudo, foi ele o próprio princípio do começo. E sendo ele seu próprio início, ainda sofria e se espantava com seu próprio desconhecimento de si e de tudo que lhe rodeava.

Falo do Adão que tinha acabado de despertar do primeiro sono gerador de sua vida, e sendo primeiro, também gerador da humanidade. Falo do Adão que acordou do sopro nas narinas e ao sentir-se barro fresco revestido em epiderme, se fragilizava e se confundia com aquilo que lhe era dado.

O impacto da dor do princípio das coisas e seu espanto é algo inigualável, pois ao acordar sentia a mim, meu colchão e meu lençol como terra pura. Eu era um Adão-Frankstein que desconhecia a mim e ao mundo e sendo me dado de presente, não sabia o que fazer com aquilo tudo. Que já nascia homem e sendo homem feito, recém-nascido, dado de presente de si para si, não sabia o que fazer com o primeiro dia, a primeira fome, o primeiro medo, a primeira sede, o primeiro desejo, a primeira raiva, a primeira manhã, a primeira manha, já que era eu o primeiro.

Não ser acostumado consigo mesmo e com o mundo causa um êxtase gozosamente insuportável. O susto das coisas em volta é algo fatalmente e irremediavelmente bom, pois a minha reação perante os livros, o guarda-roupa, o criado-mudo e os outros objetos do meu quarto deveria ter sido como a perplexidade de Adão perante as árvores, o rio, o mato, os bichos e o céu imersos na redundância física do momento que se exibia. Que é a reação do prazer em conhecer sem conhecer o prazer. O prazer inconsciente e desconhecido é um milhão de vezes melhor do que o prazer propriamente dito. Ainda mais quando se concebe e se pare a si próprio, sendo o seu próprio pai e sendo a sua própria mãe.

Cabia a mim, apenas, me agarrar ao primeiro andar e caminhar com bastante dificuldade até o banheiro, onde liguei a torneira e acolhi nas minhas mãos em conchas aquele outro ser sedutoramente desconhecido: a água. E o primeiro contato desta no meu rosto fazia tudo gradativamente se apagar. E do redemoinho que nascia do ralo, eu via escoar-se tudo: o sentido primeiro das coisas; a sensação primeira de tudo e o Adão que havia em mim.

O Amor me Pegou

O Amor me pegou
Entre solidão e música romântica
Entre meu quarto e minha cama.

Quando de repente
Me lembrei da primeira vez
Que vi seu rosto

De repente me vejo aqui
Com esse leão feroz
Querendo saltar de dentro do meu peito.

Que vai dar no mar
Que nos levará para uma ilha
feita para nós dois.

Guardada por um deus grego
E uma santa católica
Que se compadeceram
Da sinceridade do meu amor.

Será que você não vê
Que meu coração
è uma baleia gigante
Que ondula, pula e salta
De cabeça para o rabo
Num mar de bem-querer.

Mas eu fico aqui nesse quarto
Totalmente exilado, alienado, separado
Desse mundo que não se cansa
De correr lá fora.
Dessa gente que não se cansa de andar lá fora.

Não quero que minha solidão me enterre em terra frouxa
Me comendo da carne em incerteza
Que é a destruição.
Mas me conduza em estradas iluminadas
Por noites escuras de lua e estrelas
Que é a paixão.

Bendito seja seu rosto vermelho
De vergonha e charme.
Bendito seja seu olhar infantil
De inocência e arte.

Ainda hei de ver chegar o dia ou a noite
Em que numa mesa de bar
Ou numa festinha de estar
Chegaremos juntos
Passo a passo
Palavra a palavra
A verdadeira razão espontânea de sentimentos.

Não quero que minha loucura
Faça com que minhas unhas e meus dentes
Me estraçalhem vivo
Que é a morte.
Mas faça com que meus lábios e minha língua
Percorram os pelos do seu corpo
Sugando a sua energia
Que é a sorte.

Maldito seja todo o rosto pálido
De hipocrisia e maldade.
Maldito seja todo olhar frio
De ironia e falsidade.

Ainda hei de ver chegar a tarde ou a madrugada
Em que você vai me ver
Como uma pessoa
Que te quer muito amor
Que não é só um corpo
Capaz de dançar
Mas de fazer música.
Não é só capaz de comer
Mas de sentir fome.

E aí você vai entender
A razão do que eu digo
Pois é com muito orgulho
Que eu grito
Com todas as minhas vísceras
Que o Amor me pegou.

E é ele quem me abre o coração
Para você passar
Assim como Moisés abriu o Mar Vermelho
Para o povo hebreu caminhar.

É por isso que eu sou seu
Mesmo que você não queira.
É por isso que você me domina
Mesmo que não me deseje.

Agora cala minha boca.
Não quero mais falar.
Não quero mais te olhar.

Não quero mais traduzir em versos
Tudo que os meus olhos lhe revelam
E meu coração pensa.
Tudo que minha boca insulta
E meu pensamento pulsa.

Já que esse amor não morre.
Renasce em outro crepúsculo,
Percorrendo outros músculos
Em poucos minutos,
De um tempo minúsculo de se querer.

Cresce em reflexos
Num mundo circunflexo
De dias perplexos
De sentido sem nexo de se viver.

Se reproduz desesperado
Num momento exato
De corações apertados
E sentimentos frustrados de se esperar.

Morre em braços duros
De homens maduros
De pensamentos obscuros
e corpos profundos de se entregar.

Louco Currículo

Quando o mundo foi feito
eu era anjo mandado para cá
para ajudar na arrumação das coisas.
Depois virei cliente mesopotâmico.
Depois virei escravo egípcio.
Depois virei efebo ateniense.
Depois virei cortesã romana.
Depois virei serva feudal.
Depois virei comerciante renascentista.
Depois virei escravo jeje nagô industrial.
Hoje sou tudo isso ainda querendo ser artista.
Sem casa, sem dinheiro.
Só a vontade, só o sonho,
só o devaneio, só a loucura.
Mas nesse circo neoliberal
que faz de mim palhaço,
eu navego em mares cansados.
Cansados de serem navegados.
Mas nesse picadeiro aquecidamente globalizado,
eu não quero me cubrir em bandeiras;
me esconder em ideologias;
me enganar em filosofias,
pois eu sei que só digo coisas que já foram ditas
e só escrevo coisas que já foram escritas.

biografia:

Marcio Rufino
dos Santos é formado em Administração e História pela UNIABEU. Nadcido e criado na cidade de Belford Roxo, baixada fluminense do Rio de Janeiro, lançou em 1998 seu livro de poemas 'Doces Versos da Paixão'. Em 2001 atuou como ator na peça 'Che Guevara' de Jonh Vaz. Em 2008 fundou com os poetas Ivone Landim, Dida Nascimento, Jorge Medeiros, entre outros o grupo cultural 'Pó de Poesia'. Atualmente atua como mediador de cultura do projeto 'Bairro-Escola' do munic´pio de Nova Iguaçu' emonitor de poesia do projeto 'mais educação' do governo federal.

m.jarrao@yahoo.com.br

 

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