Bruno Bossolan
Biografia
Tormentos
Formidável!
A humanidade te jogou aos ratos!
Você não merece o devido respeito,
Vive em um mundo assombrado,
Uma casa de distúrbios,
Uma estrada esquisita,
Feita do mais puro sofrimento.
Criatura maluca e delirante!
Você não passa de um ser bizarro,
O teu desejo de vida já está esgotado,
A melancolia de tua natureza
Não afeta todo o materialismo e egocentrismo
Que afunda a humanidade.
Devido ao grau de tua insignificância,
Resolvi superá-lo, ultrapassar seus limites,
E quando o homem percebeu a sua inferioridade
Abrindo os olhos e o peito para o universo,
Rapidamente me colocaram a mordaça
E me jogaram neste buraco frio e vazio.
Mas as pessoas se recusam a enxergar
E esse é o pior tipo de cego que posso repudiar.
A falsa crença da eternidade,
A solidão consome todo ser vivo
Quando ele realmente se submete
As razões deliberadamente concretas.
Eu volto correndo para a solidão,
O teu perfume é tão inesquecível,
Uma essência bruscamente forjada
Nos mares da insanidade coletiva.
Eu renuncio a minha lucidez!
Ridículo é se tornar apenas um sonho,
Quando se é indiferente
O dever lhe recusa o sorriso amarrado,
Aversão ao poder que se segue
Na rotineira espécie degradada.
Eu quebrei a ponte que liga a minha imperfeição
Ao resto da animalidade desordeira,
O que mais me entristece
É saber que caminharei ao mesmo cemitério
Onde os anseios e paixões
Tendem a vagar pelo espaço.
Aceito todo o prazer da descrença
Com o silêncio de quem nada pode fazer,
As sombras dos espíritos condenados ao aborto
Seguram as mãos de minha alma,
Insistem em espetar a ferida
Ainda coberta pelo pus.
Qual é o dever de viver euforicamente?
Eu consigo enxergar a verdade em cada olhar,
A vermelhidão do sangue me assusta,
O medo da morte exala de meus poros,
Os ossos não conseguem parar de trincar,
A carne se torna inimiga do tempo.
Agora vos digo, com toda a sinceridade do mundo,
Tenho total desapego a raça humana,
Sobem por minha garganta
Todos os vermes da putrefação
Que hão de comer os segredos
Regados pelo veneno da falsidade.
Não me perguntem sobre a loucura
Ou de onde ela vem,
Mas posso defini-la em uma palavra,
Tormentos!
Não uso essa camiseta de força
Porque fui condenado a usá-la,
Foi minha escolha me restringir nesse corpo imundo.
Todas as noites milhares de vozes penetram em meus sonhos,
Dizem que não há mais futuro, que não há mais esperança.
Tenho visões, diariamente vejo meu nome em uma lápide coberta pelo lodo,
E dentro da cova, um feto esquartejado,
Em seus olhos a decepção de quem tentou lutar na vida.
Agora a pouco veio uma imensa vontade de pegar uma navalha
E me cortar por inteiro, mas não o fiz, o motivo?
Sei que em cada pessoa deste mundo, um monstro atroz,
Assim como eu, adormece ao lado da moralidade,
São poucas as que se expõem ao mundo de tal maneira,
Não por serem corajosas, não tem nada a haver com a sociedade,
Mas por serem verdadeiras, admitindo a natureza de sua raça,
Que cada vez mais se aproxima do cemitério
Sem perceber a presença das moscas da putrefação.
Admito ser um cão faminto,
A todo instante tenho que roer a própria carne e soltar incompreendidos gemidos.
Então eu me calo, junto ao silêncio funesto noturno,
Minha alma, meus sentidos, meu coração, todos quietos.
Acordo, e por fim descubro, o pesadelo é a realidade!
'Acostumar-se na lama é quebrar