POESIA SIMPLESMENTE...Sinto-me especialmente linda
algo em minh´alma finda
não consigo ver a imagem
apenas um reflexo: miragem.
Miragem... presente lindo!
Em mim chegou bulindo
a revolver-me em vida e tesão
gostosamente perdida no turbilhão
de cheiros, bocas e desejos ardentes,
pura magia dos fogos incandescentes
a ponto de duas almas incendiar
com apenas um toque do olhar.
Ah, mergulho profundo...
busquei o teu, o meu mundo.
Confusão de passo, traço, estado,
maldito-bento? - Apenas inusitado.
Poesia, poesia simplesmente...
molha meu corpo e revira a mente.
Poesia, poesia simplesmente...
morro ausente-presente.
CASAL CONTEMPORÂNEONa madrugada o namorado
reflete no barulho calado
que paira naquele quarto
um dia imaginado.
Sonhado por um casal ontem desencontrado,
hoje, viajante nos lábios do horizonte enamorado.
Solteiro, mas parece casado!
Trata-se de um casal apaixonado.
O casal contemporâneo
nasce com voto no amor próprio
e dispensa juramento decorado.
Reinventa o velho casamento, em novo relacionamento!
Começa terminando com qualquer tabu ditado.
Déspe-se da capa dogmatizada e se faz proprietário
singular do seu corpo e da sua mente. Brada no silêncio...
A miúde, prova que a vida nasce na morte à luz do desconhecido.
Escreve a sua história a punho
por mais que navegue 'gigas' pelo mundo.
É o desejo de encontrar-se pelo caminho perdido,
aberto de modo sorrateiro por tempo fechado, sofrido.
Ah! Desnuda-se o tempo em que a realidade era ficção
por se pretender construir a felicidade na casa da razão!
Graças ao casal contemporâneo, corajoso e arrojado
é possível casar sem ser casado; sem ser juntado!
Vive-se a delícia da liberdade! Nato ao ser humano:
volátil, sonhador e inacabado; o coração enamorado
une-se pelo fio etéreo que sonha junto com o seu amado.
Tudo legalizado! Assegurado pelo amor simples e renovado
e, diria até mais... , muito mais emocionado!
Menos somado, pensado, dividido e socializado.
Naturalmente equilibrado....! ....
Exatamente naquilo que realmente interessa ao casal apaixonado:
Como passar noites inteiras a admirar o fio moreno
e longo de teus cabelos, completamente esquecido
e adormecido pela madrugada em meu colo,
sem o menor protocolo!
UM ENCONTROAssim de repente
na casualidade presente
gastando o tempo confesso
dois corpos esbarram-se em verso.
Talvez se cumpra certa profecia
que captura o calor dos sentidos por pura primazia.
Neste encontro inesperado
o tropeço entre pés se declara culpado.
Ainda que desequilibrados,
envoltos pelos segundos passados,
é lançado um sentido novo
a duas almas em puro gozo.
Ao meio deste embaraço pisar é navegar
por águas ocultas onde deita o azul do mar.
Neste encontro que avança em ponta de pés
a voz é rouca, o corpo é bobo e o amor é viés.
OCEANO ATLÂNTICO Totalmente despida entrego-me ao fascínio deste lugar
anseio tocar na areia morna beijada pelo mar,
com suavidade troco um passo por vez
delicio-me por sentí-lo como se fosse a primeira vez.
Ao longe te cumprimento
se não respondes... invento!
Apresso-me a mergulhar
e na linha do horizonte te amar.
Meu corpo molhado
por ti acarinhado
dourado em curvas
chega ao êxtase por tuas brumas.
Amante dos pensamentos
guardião de segredos
refúgio espiritual,
Humano - Celestial
Largo-me à deriva em teus braços
por diferentes marés inspira-me os passos
e quando chega a hora de aportar
tocamos o mesmo céu para namorar.
Tolo é o Sol, a Lua e as Estrelas
que pensam enciumar-me por suas grandezas,
tolos... Das alturas pousam de par romântico
eu toco meus lábios em tuas conchas e sussurro: - Te amo Oceano Atlântico!
biografia:
Eliane Martins Quadrelli Justi nasceu em São Paulo. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná, desenvolveu pesquisa em Educação no ambiente da Saúde em atenção ao processo de escolarização da criança hospitalizada. Pós-Graduada em Pedagogia Terapêutica pela Universidade Tuiuti do Paraná, há anos dedica-se ao atendimento pedagógico educacional de crianças com dificuldade na aprendizagem escolar.
Seu gosto pela poesia despontou em tenra idade. Ainda criança aprendeu intuitivamente a 'brincar' com a realidade utilizando-se de poderosas ferramentas: lápis e papel. Aos poucos foi tomando consciência do papel transformador da escrita poética em seu benefício pessoal, social, cultural e espiritual. Publicou livro de poesia intitulado: 'Especiarias Poéticas' [2005], apresenta participação nas Antologias: 'Idade da Rosa [2004] e Poesia do Brasil - vol 7 [2008]. Foi agraciada com o prêmio 'Medalha Fernando Amaro por meio da Câmara Municipal de Curitiba [2007], por sua contribuição literária.
Eliane vive em Curitiba, docente no Ensino Superior no curso de Pedagogia. Titular da Academia Paranaense da Poesia - Centro de Letras do Paraná.
elianemqj@hotmail.com